domingo, 29 de julho de 2012
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Não sei se pensar demais é defeito ou se me serve de algum valor. Mesmo que todos com quem converso me digam pra não pensar nisso, eu fecho os olhos e é com isso que estou sonhando. Aquele pensamento parasita que se camufla em um detalhe qualquer e vai parar no tambor que é a minha cabeça. Bom seria se eu apenas pensasse nas coisas, repensá-las, remoê-las e descobrir todos os seus ângulos em nada adianta. Pois quando paro pra pensar, saio sempre no prejuízo, mas não posso ser abelha rainha sempre e viver em busca de distrações nas 24horas diárias. De modo algum posso entrar em relações que não envolvam sentimentos; eu tenho sentimentos e os levo de bagagem sem importar o lugar, a situação. Preciso de uma vacina para não me apaixonar por uns tempos, viver aos pedaços não me sai vantajoso. Acabo entrando em histórias que não possuem finais felizes, apenas um coração em ruínas, certamente o meu. Meu poder é feito de encanto, que se quebra, que me quebra, que quebra o coração. Não sei como se sente quem vai, só sei que não quero mais ser quem fica. Quem fica mal. Amores assim deveriam ser proibidos para menores de 18 anos, meu coração não sabe dirigir amorosamente, pisa no acelerador, não tem air bag; não sabe votar na pessoa certa e bebe em excesso do carinho alheio, embriagado acaba agindo errado. Sou sincera quando digo que quero deixar a drama queen de lado, parar de levar tudo para o caos. Sei desse meu jeito explosiva, raivosa, irritada, sempre à flor da pele, sempre em carne-viva. Com meus sentimentos intensos jogados diretamente na corrente sanguínea, bombeados por um órgão ditador, imperador, que quer ser dono do corpo todo e nem sabe cuidar de si. Se está tudo bem, pressinto que algo esteja errado. Não sou de me enganar com esse perfeccionismo fantasioso que tenta trapacear com o real. Fico em busco de soluções, alternativas viáveis que me devolvam o interesse. Desistir realmente parece mais fácil. Quando eu prefiro não arriscar, me acho mais segura, julgo ter menos perdas. Deixando correr, iludo-me achando que estou livre para que a vida dê jeito e que a justiça seja feita. Tem dias que a vida me parece como a piada que não soube compreender, e por isso, não consigo rir, não entendo a graça. Ver que outros dão risada, não muda meus conceitos, não intercepta em minhas ações. Que moral pode haver em tanto sofrimento só pra ter a bonança depois? Dói nos olhos essa injustiça de poucos terem muito e muitos terem pouco. O que me incomoda na vida é por vezes sua injustiça. Além de tudo aquilo que não posso mudar, que me torna incapaz. Como revolucionária, não gosto de acatar, apenas tolero o imutável, não aceito, apenas me conformo. E peço para que coisas melhores venham já que nada fica ao controle de minhas mãos, essa mistura secreta de destino, sorte, coincidências e escolhas. Só cabe a mim lapidar o que recebo, tentar tirar proveito, achar o lado bom. Não sou dona da verdade, a verdade é livre. Pior ainda, a verdade não se define, a gente acredita na que quiser, ou se conforma com a que vier.Sofri, agora enjoei disso. Se vier com sofrimento na bandeja, eu renego, estou farta, estou cheia, enchi o bucho. Choro ritualmente, mesmo que não resolva as coisas, e sim funcione como alívio, botando pra fora o que embola por dentro. Quando eu grito, é só para aparentar a fúria que me revira internamente, a insatisfação. Tento ser ouvida, quando na verdade, não importa o tom da voz, quando não nos ouvem, nada que possamos dizer terá importância. Meu silêncio nem sempre é o melhor, mas responder nem sempre é o aconselhado. Dar as costas não impede que o problema persista e que persiga minhas forças; combatê-lo nem sempre é o melhor remédio e conviver com ele não é tão agradável. Fugir pode ser bom e minha maior vontade no momento, mas não saber onde ir, estraga os planos. Não fazer nada não impede as coisas de mudarem, e estar parado não me dá o direito de reclamar do resultado. Cantar pode espantar os males, mas também liberta. Nada é pra sempre, mas queremos sempre alguma estabilidade, algo que dure a ponto de ser guardado. Temos que viver o hoje e pensar no amanhã, mas mesmo assim temos que correr riscos, não viver no passado e não perder muito tempo planejando o futuro. Tudo é de momento, tudo na vida é fase, mas mesmo assim não deixo de viver com grande intensidade, sofrimento e alegria, até que o sol se ponha e eu possa rir ou lamentar do ocorrido. Se desistir não posso, também não lutarei por causas perdidas e coisas que não voltam, olhar pra frente e seguir adiante é sempre recomendado. Tento dar o meu melhor sempre, até quando alguém o arranca de mim e deixa-me em um estado deplorável. Sigo conselhos de que com pouco não posso ficar, mas que devo valorizar as coisas simples; que não se leva nada dessa vida e que devo buscar sempre a felicidade, mesmo que eu a tenha brevemente e quem sem ela o resto perde a razão. O tempo já me provou que concerta as coisas, mas que não devo esperar ajuda dos céus e nem ficar de braços cruzados. Às vezes tem que dar um tempo para que o próprio tempo deixe as coisas melhoraram. A vida é cercada de balanças e de falsos certos e errados. É um redemoinho de decisões e escolhas, de erros e acertos. Essa montanha russa de altos e baixos. Eu só preciso de uma certeza, por menor que seja, para dar razão a esperança. Um banho de fé que me mantenha de fé, sempre em frente e confiante.
quinta-feira, 12 de julho de 2012
E eu sei que, talvez, eu tivesse que ficar triste. Talvez eu tivesse que continuar secando lágrimas, abraçando o vento e rindo no vácuo, mas o fato é que eu não consigo. Eu não consigo mais ser triste só para mostrar que um dia eu fui - ou achei que tivesse sido - feliz. Aprendi com os meus próprios erros que sofrer não torna mais poético, chorar não deixa mais aliviado e implorar não traz ninguém de volta. Aprendi também que por mais que você queria muito alguém, ninguém vale tanto a pena a ponto de você deixar de se querer. Eu que gritei para tantas pessoas ficarem, hoje só quero mesmo é que elas sumam de uma vez por todas. E em silêncio, que é pra ninguém ter porque se lamentar.
Descobri que não sou insubstituível. Não importa se sou difícil de se ter, se para me conquistar é preciso atravessar desertos, lutar contra dragões; no fim, sou tratada como todas, sou humana também, e colocar alguém no meu “lugar” é mais simples do que eu imaginava. Me esquecer não é impossível e eu sou sim, substituível. Todo o trabalho árduo para me ter nas mãos parece esquecido e é preciso uma nova batalha, comigo fora dos planos, não inclusa no mapa. Logo você que me pediu tanto para o Deus, brincou comigo como se fosse degustação, experimento. E enfim, aconteceu aquilo que os romances não divulgam, que ninguém quer comentar, que você mesmo finge que é improvável que aconteça, mas que a vida comprova ser possível: o fim chega. Todo o meu anseio em ser especial acabou me deixando cega; a vontade de marcar na história sem perceber que fui um capítulo excluso, deixando de ser protagonista para me tornar figurante. Mesmo sendo a Barbie, que desbancava qualquer concorrente, líder triunfante. Sempre como número um, e agora usufruindo da frustração de ficar sem classificação na tabela. De vez em quando me fisga essa vontade de você que é quase um desejo de grávida: é preciso ser saciado com urgência mas também pode passar repentinamente. Que quando passa, me bate o alívio de que o melhor se encaminha e que percebe minha porta aberta, meu convite e minhas boas vindas. Aperto o botão delete pra ver se você sai da minha vida, mesmo que seja vírus, doloso. Fazendo que com essa perda, surja um espaço para nova vitória, quiçá uma conquista. Percorrendo essa estrada em linha reta, sem curvas que me levem ao passado. Empregando esse tempo que me sobra -já que agora o foco não é mais eu sou sua é eu sou minha- com quem mais me importa no momento: eu mesma. Incluso as pessoas que eu amo e me retribuem sentimentalmente. Me vejo apaixonada pela loira dos longos cachos, cabelo loiro do sol - o qual você sempre achou atraente. Já que não sou adepta a essa sedução fajuta quando no fim, todos são livres, inclusive pra voar e nunca mais voltar, construir outros ninhos - sendo eles em outros peitos e também, outras cama; já que não tenho vocação e nem sei tratar os homens como marionetes e nem organizar minha agenda com atividades diversas com pessoas diferentes. Com os pássaros fora da gaiola, nesse mundo sem juízo, sigo minha vida. Tentando deixar a pele rosácea bronzeada e usando o creme de baunilha, camuflando minha intenção de querer um olhar seu. Quem sabe com uma porção de desejo, outra de arrependimento. Esperando que se algum dia esse destino banhado no carma nos junte em uma mesma festa, eu esteja com aquela saia, que salienta minhas coxas, as quais você julgava bonitas. Hoje não sei mais. E continuo usando o meu perfume - que o deixava doido - e jogando meus olhares de mistério, com um sorriso meio aberto; deixando minha inocência exposta achando que meus atos vão lhe roubar a atenção. Experimentando o truque da indiferença para fazer descaso e sentir o poder. Sem intenção de me envolver em relações frias, sem sentimento, apenas para não ficar sozinha. Pois estar com alguém que não te atinge lá dentro, é outra maneira de estar só, apenas com um corpo inútil ao lado. Só porque não estou me descabelando e sendo assim, mais segura de mim e indiferente a nós, não pense que não me importo; eu me importo sim, mas de que me adianta? Há uma vida para ser vivida e se você saiu da minha, não vou deixar que me atrapalhe .Não vou viver do passado e nem deixar o passado viver em mim. Degustar a liberdade que me foi dada: estou livre do seu amor bipolar, onde um dia sou a razão da sua existência e no outro o alvo da sua indiferença. Livre de ter que te ajudar a estudar, ou preparar algo pra você comer. Livre de me preocupar com o horário que você vai pra casa, se brigou com a família, se está infeliz ou preocupado com o seu futuro. Livre do arsenal bélico da velha angústia, pronta para dar e receber carinho, almejando paz e muito amor. Deslocando esse poder de amar tão vigorosamente as pessoas, para amar aquela que me encara no espelho, que acorda e dorme comigo. Não é mais preciso esperar ninguém para que o mundo fique colorido, eu compro os pincéis se for preciso, ou infantilmente, pinto com os dedos. Posso ser a mulher da minha vida, a dona do meu coração; quem muda o meu destino, quem faz o mundo acertar o tom. Esse amor próprio que não tem fim, coração que bombeia o meu sangue e bate por mim. Essa paixão afinada, melódica e que só faz bem, apesar da intensidade. Pra mim mesma não sou susbstituível: posso ser mutável mas a falta que me faço, ninguém poderá suprir. Nem mercadoria de alguém, nem investimento de outros. O amor pode ser um campo de batalhas, porém eu não quero lutas e sim um abraço na harmonia. Sem dados e joguinhos, sem esquemas. Que todo esse afeto para comigo mesma, não seja mal interpretado, eu apenas aprendi a me valorizar. Que graça pode haver em querer ser importante para alguém quando eu mesma não me coloco a frente? Sem super valorizações, agora quero curtir qualquer relacionamento, inclusive minhas manhãs de domingo com o cabelo bagunçado usando meu moletom-uniforme. Hoje me dei permissão para ser feliz. É melhor assinar isso no cartório e colar na testa para nunca esquecer. Que não tenha gosto de saudade e sim aparência de horizonte, novos planos. É preciso um pouco de ação nos meus dias para conseguir compor as linhas de uma história; é preciso um pouco de prática para depois se criar a teoria. Que se fechem os ciclos para que outros comecem, que fechem feridas para que sorrisos se tornem soberanos. Concluo assim que certamente, não sou sua garota: sou a minha. Ao infinito e além. Amém!
Eu vou sempre ficar imaginando como seria se a gente tivesse dado certo,se todas as promessas que a gente fez um para o outro se cumprissem.Vou ficar sempre imaginando o quanto a gente poderia ser feliz e optou por não ser.
segunda-feira, 9 de julho de 2012
E nada aconteceu. Eu meio que sabia onde as coisas iam dar – foi quase, mas não deram. Não deu. Não dei. Valeu a tentativa, o empenho, o interesse. Eu não estava prestando muita atenção, mas posso sentir em algum lugar aqui dentro de mim que foi bonito. A gente ainda vai se falar por aí, essa não é a conversa final.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com amor. Chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta. A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita. O amor é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine? Minha resposta? O amor é o desconhecido. Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido, a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação. O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante. A vida do amor depende dessa interferência. A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo. O amor não é orgânico. Não é meu coração que sente o amor. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O amor brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo. O amor, eu não conheço. E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o amor a navega. Morrer de amor é a substância de que a Vida é feita. Ou melhor, só se Vive no amor. E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto
Acho que acordei louca. Louca de saudade de mim. Louca de saudade dos meus sonhos que ficaram trancados dentro da gaveta. Louca de vontade de voltar no tempo e fazer certo. Mas eu fiz o que tinha que ser feito. Eu fiz o que estava ao meu alcance. Me arrependi, sim, de algumas coisas. Quem nunca se arrependeu? Acho que a gente tem muitas chances na vida pra tentar endireitar as coisas. E eu tento me endireitar constantemente. Vou torcer para que isso signifique alguma coisa no meio desse emaranhado de incertezas e interrogações que é a vida.
terça-feira, 3 de julho de 2012
Eu não tenho que viver sem você, eu tenho que viver com você de um jeito diferente daquele que estava acostumada por isso julgo que isso seja pior. O sorriso falso no rosto anda tão pesado que me cansa. Venho ostentando força, aparentando alegria, não que você note, mas talvez assim essa farsa se concretize. Exausta é meu atual estado: por sempre acreditar nas pessoas, por ser realmente boa ao me doar e ter de aguentar pedradas, desfeitas, injúrias. Cansada de ter que sair, de ter que fugir, de ter que aguentar, de ter que esperar passar. O tempo é o melhor remédio, eu sei disso, por isso preciso de uma grande dose de tempo, que passe depressa, que leve com toda a sua cólera todos seus rastros. Que eu tento apagar, eu tento. Mas seu nome sai na capa da revista, nosso filme passa na tv, alguém canta aquela música e meus velhos hábitos te incorporam à rotina. Foi você quem saiu da história, eu que tenho que dar cabo a essas linhas, apagar essas cicatrizes fortemente rabiscadas no meu livro. Preferia não ter escrito o seu capítulo na minha vida, mas talvez seja preciso atravessar certas páginas pesarosas para se chegar ao final feliz. Precisei de alguns minutos em silêncio, acompanhada da minha solidão, pra que a tampa abrisse e a muralha fosse desfeita: a dor latejou. Dor dupla, porque você sente a saudade e fica triste por ele não estar sentindo. E nada muda. Saudade oca, porque você sente saudade de alguém que mudou muito, com um sentimento diferente, com atitudes que assustam. Fiquei com vontade de te abraçar e mentalmente até fiz planos para me convencer a agir; abortei a missão prevendo mais um machucado, dispensável. Para aguentar essas dores amorosas, deveriam doar morfina - eu injetaria seguidamente. Sensação que não evapora: chora chora, mas a dor não vai embora. Gosto de coisas pequenas, me ligo nos detalhes, talvez até me importe com o que não vale a pena, dramática, que seja, mas não vou mudar. O errado é não entrar de cabeça nas coisas, e sim com o coração, o incurável, compassível. Se eu fosse do tipo que esquece, isso já teria passado faz tempo, instantaneamente, quem sabe. Era preciso me deixar nessa situação? Logo eu que sou travada - que não corro para outros braços, não saio em busca de outros beijos, não procuro outros corpos - enquanto outros, como você, superam tão rápido. Seguem adiante, bola pra frente. Estou bem, por mais que me sinta azeda, com essa descrença que no meu pensar tão cético você só soube fortalecer. Após tantas páginas nossas no meu livro da vida, de onde não se arrancam páginas, depois do que eu escrevi, fiz e disse, tenho certeza de que merecia mais consideração. É isso que fere e me desanima em ações futuras. Porque eu não sou uma piada mas queria fazer-te rir; não sou uma perda mas queria te abalar; não sou uma tragédia mas queria te mudar. Não sou um drama pra te fazer chorar, mas queria te emocionar do mesmo jeito. Não sou comida que vá te alimentar, nem sou o ar pra você respirar. Tampouco sou água pra matar tua sede, mas em algum sentido, queria te satisfazer e ser necessária, causar a tua dependência. Não sou coberta no frio, e nem ventilador no verão mas queria que meu corpo mexesse com a temperatura do teu. Não sou mapa nem farol pra te guiar, mas queria te dar a mão e te levar pro meu caminho, fazer com que unisse o teu ao meu. Não sou como tua casa, mas queria que soubesse que sou o seu lugar. Nem sou tua cama, mas queria te dar conforto e que estivesse sempre à vontade, despido de medos. Também não sou o vento, mas queria te arrepiar; não sou o escuro mas queria te assustar; não sou o perigo mas queria te provocar. Não queria ser teu passatempo mas procurava te divertir. Não posso ser tua infância mas queria te fazer sentir saudade. Nem posso ser o pôr do sol ou a lua, mas queria te irradiar beleza; assim como não posso ser o céu nem o mar mas queria te oferecer a imensidão. Queria te ajudar a compreender essa inexplicável vida e se não achássemos uma resposta, que ao perceber que nos temos, tudo fizesse sentido. Eu quis ser o lar pra quem gosta de ser nômade. Dar amor pra quem nunca teve e nunca soube valorizar: eis um desperdício de tempo, de alma, de coração.Pedir um sofrimento à pronta-entrega; recebê-lo antes da hora. Coloquei em ti mais fé do que outra pessoa será capaz e me vejo decepcionada comigo por estar errada; você estava com a verdade sempre ao dizer que não prestava, que era igual a todos. Sentada observando, boquiaberta, espantada com quem eu via, ouvi você dizer que queria ir embora. Eu queria ter dito que queria que você morresse, naquela hora mesmo, quando a decepção me caia nos olhos e o aperto judiava do meu peito. Você disse que queria que eu te odiasse e vendo o quanto eu te amava, foi fatal processar essa ideia. Posso até inventar motivos, mas não cultivo esse sentimento. Lembro do seu jeito desanimado quando eu te fazia carinhosos, e me sinto desvalorizada. Tudo por nada, apenas pra desestabilizar. Odiei sua forma de desistir das coisas, como de nós, por algum motivo interno que você faz questão de manter junto a seu mistério. Repudiei seu descaso com meus sentimentos, esquecendo de que quando estávamos em situações opostas, fazia de tudo para que não fosse de alguma forma ferido. Indignei-me com a forma como você gritou e foi rude, como arrancou minhas mãos do seu corpo querendo ficar livre para ir. Seu egoísmo sentimental, que fica seco quando me vê chorando, que economiza palavras melosas e clichês que poderiam me render algum sorriso. Tudo isso, odeio. Odeio te ver e saber algo a seu respeito, tudo embrulha meu estômago. Seu sorriso, que mostra o quanto você não dá a mínima e isso tanto me revolta; odeio pensar que eu estava sozinha, mas você me quis muito pra si, pra depois me deixar - assim como todo mundo (e você sabia dos meus traumas). Odiei quando você deixou de ser meu amigo e parou de se importar, fazendo descaso dos meus problemas, me anulando da sua história. Odiei saber que você foi provar que outra faz melhor, que meu beijo não tem a menor graça e que não sentir minha falta vai ser moleza. Odiei você ter trazido esperança e assassinado-a diante dos meus olhos; odeio não ter você aqui comigo pra me apoiar. Odeio essa sensação de que passei em branco e que vou ser esquecida nesse teu arquivo mental; sendo que você está cravado na cicatriz do coração que cativou para desprezar. Odeio ver que uma coisa tão boa, virou algo que eu me esforço em não lembrar.Eu deveria estar contente por não fazer mais parte do seu mundo já que amar várias pessoas ao mesmo tempo não é pra mim. Eu não te quero de volta, eu me quero de volta, sofro por minha causa. Eu que não vi minha menina se transformar em uma mulher, e sim em um monstro; “assentimental”, comedor de mulheres e assassina do meu afeto. Em meio a raiva que sinto da sua felicidade, não merecida, estou sentindo nojo do meu corpo que me dá vontade de tomar banho até tirar tudo que você deixou em mim, até ficar em carne-viva. Ir além da carne-viva, pegar na minha alma. E você pode até ter mudado de fase ou dado o game over, mas isso não é como no seu vídeo-game e o controle não vai ficar na sua mão. Te odiar não é pra mim, apenas fico triste por todas as perdas, por todas as manchas, então sinceramente, acho que sentir qualquer coisas, como ódio por você, seria desperdício.
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