sexta-feira, 22 de junho de 2012

Que a felicidade não dependa do tempo, nem da paisagem, nem da sorte, nem do dinheiro. Que ela possa vir com toda simplicidade, de dentro para fora, de cada um para todos. Que as pessoas saibam falar, calar, e acima de tudo ouvir. Que tenham amor ou então sintam falta de não tê-lo. Que tenham ideais e medo de perdê-lo. Que amem ao próximo e respeitem sua dor. Para que tenhamos certeza de que: “Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade''

sábado, 16 de junho de 2012

Você precisa fazer alguma coisa, as pessoas dizem. Qualquer coisa, por favor, as pessoas dizem. O que não dá é pra ficar assim. Nem que seja piorar, nem que seja enlouquecer. Olho o rosto das pessoas. Tem os ossos, dai tem a parte de dentro. Tem os olhos e tem o fundo dos olhos. Da boca saem esses sons. De repente alguém encosta em mim. Pra perguntar com o quentinho da mão se estou ouvindo e entendendo. Sorrio e torço pra pessoa ir embora. Torço pra alguém chegar, só pra torcer bem pouquinho por algo. Mas dai a pessoa começa a falar e torço pra pessoa ir embora. Não tem o que fazer, não tem o que dizer, não tem o que sentir. Sou uma ferida fechada. Sou uma hemorragia estancada. Tenho medo de deixar sair uma letra ou um som e, de repente, desmoronar.Quando toca uma música bonita, minha ironia assovia mais alto. Um assovio sem melodia. Um assovio mecânico mas cuidadoso, como tomar banho ou colocar meias. Outro dia tentei chorar. Outro dia tentei abraçar meu travesseiro. Não acontece nada. Eu não consigo sofrer porque sofrer seria menos do que isso que sinto. Tentei falar. Convidei uma amiga pra jantar e tentei falar. Fiquei rouca, enjoada, até que a voz foi embora. Tentei aceitar o abraço da minha amiga, mas minha mão não conseguiu tocar nas costas dela. Não consigo ficar triste porque ficar triste é menos do que eu estou. Não consigo aceitar nenhum tipo de amor porque nenhum tipo de amor me parece do tamanho do buraco que eu me tornei. Se alguém me abraçar ou me der as mãos, vai cair solitário do outro lado de mim.Se eu pudesse usar uma metáfora, diria que abriram a janela do meu peito e tudo de bom saiu voando. Eu carrego só uma jaula suja e escura agora. Se eu pudesse usar uma metáfora, eu diria que tiraram as rodinhas dos meus pés. Eu deslizava pelo mundo. Era macio existir. Agora eu piso seco no chão, como um robô que invadiu um planeta que já foi habitado por humanos. Mas eu não posso usar metáforas porque seria drama, seria dor, seria amor, seria poesia, seria uma tentativa de fazer algo. E tudo isso seria menos.Não briguei mais por você, porque ter você seria muito menos do que ter você. Não te liguei mais, porque ouvir sua voz nunca mais será como ouvir a sua voz. Não te escrevo porque nada mais tem o tamanho do que eu quero dizer. Nenhum sentimento chega perto do sentimento. Nenhum ódio ou saudade ou desespero é do tamanho do que eu sinto e que não tem nome. Não sei o nome porque isso que eu sinto agora chegou antes de eu saber o que é. Acabou antes do verbo. Ficou tudo no passado antes de ser qualquer coisa. Forço um pouco e penso que o nome é morte. Me sinto morta. Sinto o mundo morto. Mas se forço um pouco mais, tentando escrever o mais verdadeiramente possível, percebo que mesmo morte é muito pouco. Eu sem nome você. Eu sem nome nós. Eu sem nome o tempo todo. Eu sem nome profundamente. Eu sem nome pra sempre.
Não quero me desligar do que está me fazendo sorrir e, por vezes, querer chutar tudo pra bem longe. Não posso deixar você de lado, não posso fingir que não há nada. Que você nada é. E que você não mudou, de alguma forma, meu jeito de acordar.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Minha prima também já partiu meu coração. Uma vez brigamos e nos dissemos coisas feias. Também parti o dela, eu sei. Minha melhor amiga já partiu meu coração. Meu pai já partiu meu coração. Minha mãe. Meu irmão. E eu já parti o coração de todos eles. Oh, que pessoa horrível eu sou. Oh, que pessoas horríveis eles são. Que nada. Partir o coração do outro é a coisa mais natural do mundo. E só acontece porque a gente espera uma coisa e recebe outra. Isso se chama expectativa. Quando ela não é correspondida dá um vazio dentro do peito. Isso se chama decepção. E tudo isso existe desde que o mundo é mundo. Só precisamos aprender a lidar. Confesso que tento diariamente.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Eu te olho, você me olhas, nós nos olhamos, eles nos olham. O olhar deles é de quem não entende esse nosso momento, essa nossa união, esse clima todo, nosso ar de bobos. Talvez nem eu entenda, nem você. A diferença é que você não fala sobre isso enquanto eu falo sobre tudo, sou voz ativa em qualquer situação. Realmente é complicado entender que alguém tem tanto sentimento por outro alguém assim, gratuitamente. Sem troca de fraldas, sem ensinar a dar os primeiros passos, sem presentes. Que significado teria amar um estranho, assim, do nada, ao natural? A resposta que eu sempre dou para todos todas as vezes que me perguntam por quê você, sempre digo que é a forma como me faz sentir. Só isso que temos agora,o que sentimos,o jeito como você me faz bem é a razão por ter você ao meu lado,e não qualquer. É nesse agora que tu me levas às nuvens,como jamais ninguém o fez,como sozinha eu nunca soube ir. A alegria que me dá não soube achar nas tantas coisas que me rodeiam,então te retribuo com amor,direto do peito,fonte sagrada. Esses dias,achei em uma música o que eu preciso “educação sentimental”, só assim, aprendendo, para equilibrar tudo, ser mais razoável. Tento te amar do meu jeito e quase não dá para te amar de jeito nenhum. Exijo muito de ti, imponho idéias. Logo eu,que tento ser flexível com o jeito dos outros, espero que alguém me dê tudo que preciso e corrija minhas ausências, quando nem a vida, nem o mundo, nem Deus, fazem isso; não conseguem me saciar o suficiente. Quando o resto demora para alcançar minhas expectativas. Quando eu mal sei o que quero do todo. Ah, você nem sabe como eu sou maluca, ao teu redor sou tão “não eu”, que indago sobre por quem você se apaixonou. Por vezes até questiono o porquê você gosta de mim com essa intensidade sufocante, com esse excesso de palavras doces. Até parece algo sem motivo, que não me permito achar que alguém me goste nua, light. Inadmissível a possibilidade de convivência com o sentimento tão denso que você me oferece quando eu mesma não me amo, não me aceito tão a fundo. E te questiono até que você desista de mim e eu me julgue certa, ele não me amava mesmo. Te mostro todos meus defeitos que você faz questão de ignorar e não me dou por satisfeita. Implico muito, quero respostas e não gosto de acreditar nesse irreal, me apegar no ilusório, me ama mesmo? Assim mesmo? Olha como eu sou torta, tenho barriga, meu cabelo é rebelde, vê? E não dá, continuas me abraçando como se eu fosse toda bonitinha. Não dá, quem é você pra não se preocupar com isso? Me manda comer salada e me abraça pra dar calma, enquanto eu ligo para os problemas não esquecerem de me visitar, assim não tenho sossego. Não me aquieto, sou matraca, e você me beija e nem se importa.Você faz graça da minha teimosia, nunca me chama de neurótica e leva sempre a sério meus probleminhas; e eu tenho que concordar quando o resto do mundo diz que nós dois rimos de tudo, tiramos o lado bom de tudo. Nessa loucura, me assusto ao não saber mais quem eu sou pois você esconde a menina pessimista e pesada que não quer sair da cama. Você serve de luva e meia, de casaco e cobertor, estufa e lareira, sol e fogo. Impressiona sua habilidade de temperar a vida quando eu já julgava o gosto dela tolerável, sempre comi mal, percebo. Você me dá fome, sede e desejo, então sou sua sub-alguma-coisa, dependente. Perdida de mim, encontrada em ti, feliz ao dobro, ao quadrado.Continuemos assim, das certezas nenhuma me pertence, só de que no agora, quero extrapolar mais nisso. O amanhã sempre foi incerto, não há provas de minhas sobrevivência. Continue me olhando do ângulo que você quiser, que eu te olho do meu, fantástico, defeituoso e lindo. E que os outros continuem nos olhando, cheios de dúvidas e suspeitas. É amor sim, hoje é, no agora é, e se talvez não for, ainda é divino.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Qualquer dia desses eu saio sem destino, sento debaixo de uma árvore qualquer, com uma paisagem agradável. Vou escrever sobre você, sobre nós, sobre o que você significa pra mim. Vou te gravar em mim. Vou te gravar em mim para que em hipótese alguma eu me esqueça de você e o quão bem você me faz. Que eu não me esqueça de tudo o que aprendi com você, e todos os sorrisos que eu dei por você, com você. E te peço, me grave em você, pode ser como música, como lembrança, como uma carta… Mas me grave, e de maneira alguma me deixe desaparecer, pode me guardar num cantinho do seu coração, mas de nenhuma maneira me deixa ir embora.